Da Corrida Tecnológica ao Impacto Humano: O Plano de Ação da Inteligência Artificial nos EUA

Imagine um trem em alta velocidade atravessando a noite. Esse trem é a Inteligência Artificial. Ele não para. Não hesita. Apenas acelera. A questão é: você vai ficar no trilho, ser atropelado por ele ou entrar a bordo e ajudar a escolher a direção?

O “America’s AI Action Plan“, divulgado pela Casa Branca em julho de 2025, é a tentativa mais ambiciosa de pilotar esse trem rumo a um futuro em que a tecnologia e o poder político caminham lado a lado. Mas, além da geopolítica, há uma história humana sendo escrita.

O plano vê a IA como uma nova revolução industrial, informacional e cultural, um verdadeiro renascimento. Seu objetivo central é assegurar a dominância tecnológica global dos EUA em IA, estruturando-se em três pilares fundamentais: inovação, infraestrutura e diplomacia internacional.

Ele também traz um compromisso explícito de que a IA complementará, e não substituirá, os trabalhadores americanos, defendendo valores como liberdade de expressão e sistemas livres de viés ideológico. Ainda assim, alerta para riscos sérios: desde ameaças à segurança nacional até o uso malicioso de tecnologias como deepfakes e biotecnologia avançada.

O documento promete nada menos do que uma nova revolução industrial, uma revolução da informação e um renascimento intelectual, tudo ao mesmo tempo. Uma promessa que ecoa os tempos de Da Vinci e Galileu, mas que agora nasce do silício e da nuvem.

Se isso soa utópico, é porque é. E toda utopia carrega a sombra de uma distopia.

O Plano é recheado de estratégias: desburocratizar regulações para impulsionar inovação privada, criar Centros de Excelência e sandboxes regulatórios para acelerar testes, investir em robótica, drones e veículos autônomos, apoiar IA de código aberto para startups e academia, além de obrigar a transparência de dados não sensíveis em pesquisas financiadas. Também prevê adoção em larga escala no governo e no Departamento de Defesa, bem como medidas legais para combater mídias sintéticas e deepfakes.

Mas, ao lermos nas entrelinhas, surge uma metáfora inquietante: a IA não é apenas uma ferramenta. Ela é também um espelho. Reflete quem somos como sociedade. Quais são nossos valores? Nossas prioridades? Nossas omissões?

“Existe uma transformação em curso no mundo — silenciosa, invisível aos distraídos, mas absolutamente irreversível. Você vai conduzir o futuro ou ser conduzido por ele?” – Ezio Tristão

Nesse cenário, também destaco a aiHa, uma assistente que criei para ser inclusiva e potencializar o trabalho do gestor de complexos residenciais. Seu papel é mostrar como a IA pode ser aplicada de forma prática e humana, ampliando a eficiência sem jamais perder o olhar para as pessoas.

Existe uma transformação em curso no mundo — silenciosa, invisível aos distraído

Existe uma transformação em curso no mundo — silenciosa, invisível aos distraído

O plano afirma que a IA vai “aumentar a produtividade” e “abrir caminho para mais oportunidades econômicas”. Mas o que acontece com a insegurança dos pais que têm medo de que seus filhos percam seus empregos para robôs? Com os trabalhadores que não sabem se serão reciclados ou descartados?

Nenhum dado frio substitui o calafrio de quem teme se tornar obsoleto. Nenhum gráfico substitui o olhar vazio de quem perdeu seu ofício para um algoritmo.

Para suportar essa revolução, o plano prevê agilizar licenciamento de data centers, fábricas de chips e infraestrutura energética, além de modernizar a rede elétrica para atender à demanda crescente. Destaca a urgência de restaurar a fabricação de semicondutores nos EUA e de criar data centers de alta segurança para uso militar e de inteligência.

Outro ponto central é a formação de uma força de trabalho especializada em infraestrutura de IA — de técnicos a engenheiros e especialistas em energia —, aliada ao fortalecimento da cibersegurança crítica e à adoção de protocolos de IA segura por design.

A dimensão geopolítica é clara: os EUA pretendem exportar sua tecnologia de IA para aliados, contrabalançar a influência chinesa em órgãos de governança e fortalecer controles de exportação de semicondutores, fechando brechas e impondo medidas coordenadas com aliados. O plano ainda foca em avaliar riscos de segurança nacional em modelos de ponta, incluindo áreas sensíveis como cyber, biotecnologia e armas CBRNE, além de investir em biossegurançapara evitar usos maliciosos da síntese genética.

O verdadeiro desafio é transformar esse documento em mais do que uma estratégia de domínio global. É transformá-lo em um pacto humano. Em uma promessa de que a IA vai ampliar a dignidade e não apenas a produtividade.

Assim como o fogo impulsionou a civilização, mas também queimou impérios inteiros, a IA é um elemento. Neutro. Potente. Incandescente. Tudo depende de como a usamos.

Se a IA é uma ponte para o futuro, estamos construindo essa ponte com concreto humano ou apenas com ferro geopolítico?

Que esse documento não seja apenas uma agenda de poder. Mas um chamado à responsabilidade emocional. Um convite para que, ao programar máquinas, não esqueçamos de reprogramar nossa empatia.

Porque, no fim, não vencerá quem tiver o algoritmo mais avançado. Mas quem tiver a humanidade mais evoluída.